terça-feira, 17 de julho de 2012

OS GATOS

Sempre detestei os gatos. Desde pequeno os detestei. O motivo é um só: o barulho infernal que eles fazem em cima do telhado. Diacho, por que não transam em silêncio? Pra que aquele escarcéu todo, como se quisessem que todo o mundo soubesse o que estão fazendo? Pivete, eu pensava comigo: algum dia, quando eu fizer sexo com uma mulher, se ela vier gritando feito uma gata no cio, eu me levanto, vou embora e nunca mais quero nada com ela! Era assim mesmo que eu pensava. Eu tinha doze anos de idade. O tempo passou. Agora eu já tinha quinze. Mas ainda não tinha mudado de opinião. Então aconteceu. Uma noite, fui pro mato com Sandrinha, irmã de um amigo meu. Eu nunca tinha sequer beijado alguém. Tudo o que eu sabia de sexo vinha das aulas de ciências (um quase nada!) e das revistinhas sujas que tomava emprestado da molecada da vizinhança. Quando Sandrinha tirou a roupa, eu comecei a suar frio. Bateu aquele desespero, e eu pensei em fugir dali pra bem longe. Mas aí ponderei: e se a diaba resolver contar pras colegas? Com certeza vão dizer que eu sou um frouxo... Por causa disso, tive de aguentar. Tirei a camisa, a calça e me deitei sobre a minha parceira. Comecei beijando sua boca, e ela parece que gostou, pois me abraçou forte e começou a gemer e suspirar... Com certa dificuldade, penetrei Sandrinha como tinha visto nas revistas. Ou como tinha visto a bicharada fazendo no quintal... A danada começou a gemer mais forte... e, de repente, começou a gritar que nem uma gata! Eu não quis nem saber. Me levantei, vesti minhas roupas e fui embora sem nem ao menos olhar pra trás. Sandrinha ficou sozinha no escuro, decerto sem entender patavinas da minha atitude. Meses depois, em compensação, transei pra valer. Não com Sandrinha, claro. Com outra. Foi um sexo silencioso, sem pressa, do jeito que eu sempre sonhara... Lembro direitinho daquela transa, mesmo agora que já não sou mais nenhum jovenzinho... Ops! Vou encerrar este conto. Sei que não conseguirei escrever nem mais uma linha esta noite. São duas da manhã – e começo a ouvir passos leves no telhado... São eles, os gatos! Daqui a pouco a esculhambação começa; um verdadeiro inferno...


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