terça-feira, 13 de abril de 2010

E AGORA, JOÃO???

De manhãzinha, João acorda com uma baita coceira no joelho esquerdo...
Ressabiado, investiga o joelho: nada encontra de suspeito.
- Que diacho será isso, mulher?
Maria, categórica, responde:
- Vá logo no doutor, João; com doença não se brinca! Só não vou mais você porque tem essas roupas aí da d. Clotilde pra lavar.
João acata o conselho da esposa, o seguro morreu de velho, cheiro horrível esse de hospital...
- Coça demais, doutor, o senhor nem imagina quanto!
O médico examina o joelho, examina e examina...
João, mãos e pés gelados, teme que seja caso de operação...
Mas o médico depõe os óculos (finíssimos) sobre a mesa e diz:
- Está tudo ok, seu João.
(Vocês percebem? Quem fica esperando o pior, meio que desaponta quando vem o melhor...)
- Mas, doutor...
- Seu joelho goza de perfeita saúde, seu João!
Deixando o hospital, João procura um orelhão:
- Tonho, avisa aí pro chefe que hoje não vou trabalhar, não: tô doente...
- O que aconteceu, João?
João desliga.
Aí volta pra casa.
A custo, almoça duas colheradas.
- Maria, desconfio que tenho uma doença GRAVE!
- Por que, João?
- Aquele doutor, sabe? Ele parecia nervoso enquanto me examinava... Aposto que ele me escondeu alguma coisa!
- O doutor não ia mentir pra você, não, João. Que tolice, ora!
- Não sei, não, Maria: diz que tem doutor que encobre a verdade pra gente não endoidecer e morrer mais depressa...
- Então vá noutro doutor, homem, assim você tira a dúvida!
No mesmo instante, João pega um ônibus e toca pro hospital do centro.
A fila enorme, como sempre...
Finalmente a vez dele, João se vê na pequena sala branca, o coração aos pulos!
- O que o senhor tem?
- Uma coceira danada, doutora...
- Nos genitais?
- Aqui no joelho...
Gorda e sisuda, a médica dá apenas uma olhadinha rápida e confirma a inexistência de qualquer moléstia.
- Mas, doutora...
- Próximo!
Em casa, João encara a mulher, desesperado:
- Maria, ela mal reparou no meu joelho! É mesmo certo que tenho uma doença MUITO GRAVE!
- E a gora, João???
- Vou noutro doutor!
- Ai, João...!

...

Chegando ao terceiro hospital, já entrando no pátio, João cai estrebuchando...
É socorrido às pressas; infelizmente não sobrevive à fúria selvagem daquela bala perdida que ninguém – ninguém! – soube explicar de onde veio!...

Um comentário:

Francisco Hélio Sena Brito disse...

Este conto brevemente será publicado no livro "O Melhor do Conto Brasileiro", da CBJE!